Palestra "Fazendas de café paulistas como objeto de inventário"
No
dia 28 de março de 2014 ocorreu, no Auditório da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da UFPa, palestra com tema “Fazendas de café paulistas como objeto de
inventário”, ministrada pela professora Doutora Maria Ângela Pereira de Castro
e Silva Bortolucci (Instituto de Arquitetura e Urbanismo USP São Carlos). O
patrimônio cultural rural paulista, tema abrangente no qual estão inseridas as
explanações feitas pela professora, compreende o conjunto de registros
materiais e imateriais provenientes das práticas, costumes e iniciativas
produtivas que se fixam, histórica e territorialmente, na área rural.
Figura 1: Durante a palestra
Foto: Ronaldo Marques de
Carvalho
Desse modo, este patrimônio detém um perfil múltiplo, em
escalas e tipologias, que contempla as fazendas históricas e complexos
produtivos antigos edificados no território agrário que se somam aos acervos
artísticos, bibliotecas, arquivos, equipamentos, celebrações populares,
costumes e crenças. Com base nisso, a professora relatou o processo de
inventário dos objetos encontrados durante as prospecções nas fazendas
selecionadas, como construções que não mais têm utilidade prática e antigas
peças relegadas ao ocaso, a exemplo de pedras de moinho encontradas em uma das
fazendas.
Figura 2: Pedras de moinho
encontradas na Fazenda Restauração (2010)
Foto: Acervo da professora
doutora Maria Ângela Pereira de Castro e Silva Bortolucci
Ademais, a professora Maria
Ângela também comentou a respeito da integração de outras áreas do conhecimento
no mesmo projeto, visto que através dele pode-se estudar não só a Arquitetura e
o Urbanismo da época, mas também realizar um estudo social e antropológico a
partir dos resultados obtidos. Expondo as estratégias metodológicas da
pesquisa, a ministrante versou a respeito do processo de inventário dos bens
culturais, que foi parte integrante no ato da caracterização das fazendas, além
dos estudos articulados entre História, Cultura e Território e a integração que
é promovida nos espaços estudados como as práticas de Gestão, Educação e
Turismo. O envolvimento entre Turismo e Patrimônio Rural pôde ser promovido
utilizando-se aquele como atividade de preservação, visto que o significado do
termo abrange práticas planejadas de conservação e acesso ao conhecimento e à
educação.
Na caracterização, foi
estudado o contexto histórico, início do século XIX, em que as fazendas
estudadas estavam inseridas à época de sua edificação. Neste contexto, cerca de
metade do território paulista era formado por terras devolutas e a ocupação
intensificava-se em função do plantio de café, a implantação das ferrovias e a
imigração. Além disso, a instalação da fazenda demandava a escolha de uma terra
apropriada e a proximidade de água. Chama atenção o posicionamento da casa do
fazendeiro, geralmente localizada em um local que tivesse como panorama a vista
de todo o território da fazenda, como mostrado em várias fotos durante a
palestra.
Figura 3: Sede da Fazenda São Roberto
Foto: Acervo da professora
doutora Maria Ângela Pereira de Castro e Silva Bortolucci
Figura 4: Paisagem observada da
varanda da sede da Fazenda São Roberto
Foto: Acervo da professora
doutora Maria Ângela Pereira de Castro e Silva Bortolucci
Na organização mais antiga,
verifica-se também a proximidade da mão de obra escrava, materializada na
estrutura da senzala, outro exemplo de edifício já sem a utilização primária
atualmente. Verificam-se, também, programas de necessidades mais complexos nos
exemplares mais antigos e mais simples nas construções mais tardias,
justificadas pelo desenvolvimento urbano que não mais demandava que a fazenda
fosse um núcleo exclusivamente autossuficiente.
A respeito dos critérios e metodologias
utilizados para a realização do inventário do patrimônio cultural rural
paulista, objetiva-se elaborar instrumentos que permitam a concretização de
inventários capazes de englobar a diversidade tipológica de bens culturais
paulistas baseados no PDI; testar e validar a implementação de um sistema
piloto automatizado para armazenamento e gestão de conteúdos, utilizando
critérios e métodos provenientes no Patrimônio Rural Cultural Paulista;
padronizar procedimentos voltados para a capacitação, atualização e
aperfeiçoamento profissional de recursos humanos, constituindo parte de uma
extensa rede de sistemas integrados. Deste modo, o acervo coletado e
sistematizado ficará acessível ao público, agilizando as buscas e contribuindo
para a disseminação do conhecimento.
Figura 5: Professora Cybelle Miranda apresentando a professora Maria Ângela Bortolucci
Foto: Ronaldo Marques de Carvalho
Foto: Ronaldo Marques de Carvalho
Resenha: Juliane Santa
Brígida
Comentários
Postar um comentário