Relatório - Oficina do projeto “Inventário do patrimônio cultural da saúde: bens edificados e acervos” equipe FIOCRUZ Manaus


            No dia 2 de julho de 2013 pela manhã iniciou a Oficina do projeto Inventário do patrimônio cultural da saúde: bens edificados e acervos da equipe de Manaus, coordenada pelo professor Julio César Schweickardt, no prédio do Instituto Leônidas e Maria Deiane[1]. Os convidados Professor Renato da Gama-rosa Costa e professora Cybelle Salvador Miranda fizeram suas exposições. Renato, coordenador-geral do projeto apresentou o tema “Patrimônio Cultural da Saúde no Brasil: algumas considerações possíveis perspectivas”. Abordou um dos marcos históricos do tema, com a mobilização para preservação do sanatório Zonnestraal na Holanda, que motivou a criação do DOCOMOMO em 1985, bem como os estudos para conservação do hospital San José no Chile, no contexto latino-americano. Como perspectivas de temas futuros de pesquisa originados no projeto realizado, elencou:
  1. Hospitais pavilhonares na América latina
  2. Hospitais de isolamento
  3. Beneficentes portuguesas
  4. Sanatórios e hospitais modernos
            Como parte destes desdobramentos, Renato realizará em 2013 Estágio pós-doutoral na Universidade de Coimbra com o tema dos Sanatórios no Estado Novo português, a fim de estabelecer paralelo com as edificações brasileiras.
            Outro resultado da pesquisa foi a elaboração de fichas de edificações de saúde do movimento moderno no Rio de Janeiro (2011) que se encontram disponíveis no site do DOCOMOMO.
            Participaram das reuniões os membros do Inventário em Manaus: Historiador Geraldo dos Anjos, Membro do Instituto geográfico e histórico do Amazonas; Historiador Mestre Julio dos Santos Silva; Antropólogo Doutor Erlan Souza, Mestranda historiadora Lucia Nicida; Professor médico João Bosco Botelho (Universidade do Estado do Amazonas).

Equipe FIOCRUZ Manaus

            A professora Cybelle expôs o CD-ROM resultado da pesquisa do Inventário realizada em Belém, com destaque para as fichas das 23 instituições pesquisadas, plotadas no mapa da cidade conforme os três núcleos identificados: Núcleo pioneiro, Núcleo Santa casa e Núcleo de Expansão. Durante as exposições houve intenso diálogo, tendo em vista as similaridades e diferenças entre os casos de Belém e Manaus, de suma importância para o estabelecimento de estudos conjuntos com vistas a uma perspectiva regional.

Exposição da Profª Drª Cybelle Miranda
            Durante a tarde, o professor Julio César expôs o resultado da pesquisa “As instituições de saúde no Amazonas”, em fase de finalização. O marco temporal inicial foi a criação da Província do Amazonas em 1850, após a desvinculação da capital do Pará. Foram elencados os períodos: Império; primeira República; Pós 30 e Pós 1964. Dentre as instituições pesquisadas citamos o Real Hospital Militar de Barcelos (séc. XVIII); Hospital de Caridade (1873); Santa casa de Misericórdia (1880); Hospital da beneficente portuguesa (1893); Hospital militar da ilha de São Vicente (1855); Cemitérios públicos Da Cruz (1853), São João Batista (1892), São José (1856-92). A capela e os restos mortais do São José (hoje Praça da Saudade) foram trasladados ao São João Batista). Houve ainda o Hospício de Alienados Eduardo Ribeiro (1894), Instituto Pasteur, Laboratório Liverpool School Dr. Thomas, Leprosaria Belisário Penna em Paricatuba (1908) – situada no prédio da hospedaria dos imigrantes, Dispensário de doenças venéreas, Dispensário Cardoso Fontes. 
Da esquerda para a direita: Profª Cybelle, Prof. Renato da Gama-Rosa e Prof. Julio César, na Leprosaria Belisário Penna
Foto: Júlio Santos da Silva
            A seguir, Erlan apresentou os vídeos realizados durante o projeto, com vistas a produção de documentários de média duração, o que se constitui numa documentação de suma importância para a memória das instituições de saúde captada através da fala de seus atores. Destaca-se entre a produção audiovisual a filmagem realizada nas ruínas da Leprosaria de Paricatuba, quando dois ex-internos foram convidados a reconhecer no arcabouço existente a função dos cômodos já desativados.

Vista da Leprosaria
Foto: Júlio Santos da Silva

Vista da Leprosaria
Foto: Júlio Santos da Silva
            O segundo dia foi dedicado a discussão dos capítulos de livro a ser publicado com os resultados da pesquisa, bem como com a visita as ruínas da leprosaria de Paricatuba. O professor Julio Cesar comprometeu-se a organizar um Seminário em 2014 que venha a reunir os resultados dos trabalhos dos grupos, com ênfase na produção das equipes de Manaus e Belém.
 

[1] A sede da Fiocruz Amazônia ocupa um prédio que encontrava-se inacabado e pertencia a Fundação SESP, cujo projeto de adaptação foi elaborado pelo Arquiteto Roberto moita, sendo que o setor de fundos apresenta características de arquitetura regional. Rua Terezina, bairro Adrianópolis.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BELÉM DOS ECLETISMOS – Elementos decorativos marcam as casas burguesas no bairro de Nazaré

SANATÓRIO Vicentina Aranha: entre o passado assistencial e o uso público

DISSERTAÇÃO CINE ÓPERA- Belém-PA: arquitetura como microcosmo de memórias subterrâneas